domingo, 24 de julho de 2011

" VOLTANDO A TER UMA VIDA NORMAL "



Melissa, desde seus dezoito anos, começara a trabalhar para ajudar a sua mãe que era costureira em uma confecção. Seu pai falecera de um enfarto deixando-as em uma situação financeira muito difícil.

Trabalhava na mesma empresa já há cinco anos e foi lá que conheceu o amor. Um amor proibido, mas sempre cheio de promessas de que logo estaria livre para se casar com ela. Melissa vivia esse sonho não parando para contar o tempo que passava.

Vivia a esperança de um dia poder ter uma vida normal como qualquer mulher da sua idade. Poder sair com seu namorado passeando de mãos dadas pelas ruas sem precisar se esconder como se estivesse cometendo um crime. Como sonhava com o dia de poder apresentar a todos o grande amor de sua vida.

Queria que seus colegas de trabalho a olhassem como uma mulher de bons princípios e não como uma mulher vulgar que estava destruindo um casamento. Ela era excluída por todos o que a fazia se sentir solitária e sofrer muito com isso.

Melissa era um ser humano que precisava se sentir parte do grupo, um ser  que pudesse participar do convívio social. Exatamente por a excluírem, ela sofre e muito mais para não ter que escolher viver na solidão.

Quantas vezes tentou arranjar outro emprego para poder trabalhar numa outra empresa que ninguém conhecesse a sua história. Que ele não pudesse controlar a sua vida tomando conta de todos os seus passos.

Ela foi amadurecendo e tomando coragem para poder terminar com esse relacionamento. Sabia que se estivesse na sua presença iria acabar cedendo as suas vontades e foi quando resolveu escrever uma carta terminando tudo.

Estava sentada a mesa do trabalho relendo a carta que escrevera em casa. Iria entregá-la em mãos quando fosse se encontrar com ele no lugar de sempre.

A carta fora traçada em poucas linhas que diziam:

Walter
Escrevo esta cartinha para dizer-lhe o quanto te amo, mas que esse pouco que posso ficar com você agora já não me satisfaz.
Como seria bom se o tivesse conhecido um tempo antes e que tudo fosse diferente. Que o pudesse amar livremente e dizer a todos os cantos que você é o grande amor da minha vida.
São tão poucos os momentos que passamos juntos que procuro guardar cada detalhe para que possa suportar o tempo que ficamos sem nos tocar onde sinto muito a sua ausência.
Esse nosso amor proibido tem me deixado muito triste e não quero mais ter você só quando pode vim me ver. Cansei de ser a outra e receber só migalhas desse amor.
Não quero ter esses dois lados em minha vida. Um que estou super feliz ao seu lado e o outro em que me sinto péssima e sem vontade para nada. Fico arrasada sentindo um sentimento de culpa, um vazio, uma sensação de derrotada.
Acordei a tempo de poder enxergar que a minha vida é muito preciosa e posso estar sofrendo agora, mas logo vou estar bem e lutando pelo meu lugar ao sol.
Vou correr atrás de novas conquistas e realizações o que vai me fazer muito bem. Vai chegar um dia que vou querer ter um lar, filhos e para isso tenho que ficar livre desse amor impossível.
Estarei bem e seguindo meu caminho em busca da minha felicidade e da realização dos meus sonhos de mulher e na certeza de que esta minha decisão vai ser boa para nós dois.
Adeus para sempre
Melissa "

Respirou fundo, dobrou a carta e a colocou num envelope. Faltavam poucos minutos para encerrar o expediente e, em poucas horas, estaria mudando a sua vida definitivamente.

Chegara ao ponto de encontro com um pequeno atraso, mas mesmo assim ele não estava lá. Sempre ficava escondido para aparecer só quando ela chegasse. Então em minutos ele deu o ar da graça e foi logo querendo que ela entrasse no carro. Ela abriu a porta e, sem entrar, entregou-lhe a carta dizendo que havia tomando uma decisão para a sua vida e que entenderia tudo depois que a lesse.

Fechou a porta e depois que ele partiu nem olhou para trás para que não percebesse que os seus olhos estavam cheios de lágrimas. Não queria que ele percebesse a sua imagem de tristeza.

Enxugou as lágrimas e olhando o carro sumir no horizonte ainda tentou disfarçar um sorriso. Um sorriso de alívio, uma sensação de um vazio no peito, mas o seu coração era forte e ia superar isso tudo.

Sabia que iria sentir a sua falta, mas o que restava agora era dar tempo ao tempo para ter uma vida normal voltando a ter amigos para passear, ir ao cinema, enfim curtir a vida livremente.


"Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final…
Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário,
perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver. "
(Fernando Pessoa)

14ª Edição Imagem
14ª Edição Sentimento
Tema: Exclusão

7 comentários:

  1. Lindo conto!

    Na vida real, tudo pode ser bem mais cruel, decisões podem nos libertar ou nos prender p/ sempre...

    Um bela semana p/ vc amiga!

    Beijo e carinhosss

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  2. Nós fazemos escolhas e somos responsáveis por elas. A dor pode parecer irreversível, mas é momentânea, tudo passa e o sol sempre brilha no outro dia, mesmo acima das nuvens de tempestades.
    Boa semana pra vc.
    Beijos.

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  3. Linda atitude de mostrar o lado dessas mulheres sofredoras.Nem tudo é o que parece, nem todas são sanguessugas. Que bom seria que todas tivessem a força necessária de mudar a vida e voltar a viver. Linda semana pra ti. Bjs

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  4. Olá,Irene!!

    Tem decisões que são difíceis, mas libertadoras...um relacionamento assim, é sempre muito delicado, melhor não começar...mas...
    Bela participação!!
    Beijos!!

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  5. Querida Irene!

    Há escolhas que têm que ser feitas e o tempo tinha passado.
    A decisão tomada pode ter sido sofrida, mas com o tempo passará e Melissa será certamente uma mulher feliz.

    Gostei muito mesmo.
    Beijinhos

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  6. Olá Irene!
    Que delícia de blog, adorei tanto que já sou sua seguidora.
    Lindo texto e grande verdade foi falada nele,decisões temos que tomar a todo momento,umas boas e outras muito sofridas que por certo trará muitos bens depois.
    Parabéns querida.
    Dá um passadinha pelo meu cantinho da poesia,será um prazer lhe ver porlá.
    Um abraço e fique com Deus!

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  7. Irene. Meus parabéns, vc escreve muito bem. Vim porque fui uma das participantes do PSP também. Bjs!

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